sábado, 21 de abril de 2012

O poder das palavras... ou das imagens!

Algumas pessoas (como eu!) passam horas para escrever algo que valha a pena...
Aí, vê uma tirinha como esta e percebe que é melhor deixar com os profissionais...


Há algum tempo leio as tiras do Will Leite (http://www.willtirando.com.br), mas com todo o cuidado para não baixar a produtividade...

Nota Mental: estudar a possibilidade de ser advogado da Pepsi.
Nota Mental 2: Intermediar o contrato entre o Advogado do Rafinha Bastos e o Will Leite


domingo, 8 de abril de 2012

Um pouco de história e lâminas...

Não sou historiador, então, corrijam-me se estiver errado (espero colaborações e correções!).
No final do século XIX, o Brasil passava por mudanças. A guerra do Paraguai terminara em 1870 (com milhares de mortos e vitórias eticamente questionáveis do Brasil). Os escravos eram oficialmente libertados(!?) em 1888. O Brasil tinha a República proclamada (1889), muito embora a primeira constituição a livrar-se de uma parte dos vícios da Monarquia, só surgisse de fato no século XX. Enfim, a sociedade que ainda pensava de forma monarquista e escravagista, fez surgir fenômenos como o coronelismo e o cangaço.
Nesta época, o Brasil praticamente não tinha indústrias, era uma país essencialmente agrícola (estou falando mesmo do passado?), e talvez, de tempos como este, tenha surgido este espírito de improvisação do brasileiro. Era muito custoso trazer materiais "industrializados" da Europa e fabricar certos utensílios com o que estivesse à mão, era a opção mais viável.
Surgiu também nesta época, no Nordeste do país, o que ficou conhecido como Punhal Nordestino. Cuteleiros (fabricante de facas) e artesões construíam facas e principalmente punhais (facas sem gume, ou aresta de corte, cuja função é ser perfurar, atingindo pontos vitais com um único golpe) utilizando uma diversidade de materiais.
Obviamente no Brasil não tinha oferta de aço disponível para livre criação de armamento e utensílios, então este profissionais utilizavam aço das mais diversas origens para construir os punhais e facas. Espadas e sabres danificados em batalha, trilhos de trens, feixes de molas de veículos, baionetas descartadas, todo pedaço de aço que pudesse ser trabalhado servia de base que a construção. Sem a garantia da qualidade do aço, a construção de armas perfurantes eram mais propícias que as de corte, pois para garantir a lâmina e a durabilidade da afiação, o material deve ter características específicas (aços duros são quebradiços; muito macios perdem o fio rapidamente ou deformam-se).
Para os cabos os materiais eram ainda mais diversos: prata, chifres, madeira, couro, latão, marfim. A arte, nestes casos, destacava-se ainda mais, pois cabos adornados não só indicavam a origem da faca como a seu valor. Cada cuteleiro usava marcas específicas e processos construtivos específicos e atendia em alguns casos a projetos sob encomenda, fosse de bandidos, fosse dos ricos coronéis.
Com materiais de origens das mais diversas, a qualidade final do produto era proporcional à capacidade do artesão, e não havia um padrão de dimensões destas armas. Em bandos organizados como os do cangaço, punhais maiores e mais estilizados eram utilizados pelos membros de maior categoria hierárquica. Nesta proporção, o punhal de Lampião tinha dimensões de espada!
Com o amadurecimento da sociedade e acesso às armas de fogo, os punhais cada vez mais se tornaram objetos de status e eram menos usados em combate. Moacir Assunção, professor nos cursos de Jornalismo e Publicidade da Universidade São Judas Tadeu, e autor do livro "Os homens que mataram o facínora", descreve uma história na qual Lampião fora desafiado para um duelo de punhal, ao qual o mesmo respondera: “(de punhal) Não! brigar de punhal, pra mim, é coisa de doido!”.
A obra nacional mais completa sobre os punhais, e dizem alguns, a obra mais autêntica da cutelaria nacional é o livro "Apontamentos sobre a faca de ponta", de Oswaldo Lamartine de Faria, inicialmente editado na Coleção Mossoroense, do histórico Vingt-un Rosado, trás muitos detalhes sobre esta história, numa linguagem natural, interessante de ler, mesmo por quem não tem interesse na cutelaria. A versão eletrônica do livro pode ser lida na íntegra no Scribd.
Por fim, comecei a escrever este post há alguns dias quando arrumava minhas coisas e encontrei o meu punhal! Sim, tenho um punhal da época! um dia eu conto como ele chegou até a mim... é um punhal bem simples, sem marcas de origem e cabo em madeira e latão e cerca de 25cm de comprimento total.
A verdade é que todo dia nos deparamos com fatos e objetos que nos remetem ao passado e conhecer esse passado faz com que possamos reconhecer falhas e repetir os acertos... mesmo trabalhando com tecnologia entendo que essa é uma tarefa essencial...